Por que alguns se casam (coabitam) com esses fracassados? Quais são suas teorias?

Eu ficaria muito curioso para saber a opinião deste Conselho sobre este tópico.

Quando eu praticava terapia, sempre me surpreendi com o quanto mulheres inteligentes, decentes e bem-intencionadas (a maioria eram mulheres, mas também havia muitos homens) se casavam e coabitavam com esses perdedores. Perdedor é definido como alguém que mente, trai, abusa fisicamente cronicamente, não consegue/não quer manter um emprego, é preguiçoso, etc. Não é que esses perdedores nunca tenham dado sinais pré-matrimoniais. Quase 100% das vezes, o futuro cônjuge via "sinais" de preocupação.

Eu, em geral, atribuo isso ao amor por ser muito cega e aos instintos maternais de uma mulher para consertar as coisas, inclusive as pessoas. "É, eu sei que ele bebe demais, mas quando estivermos morando juntos, posso fazer com que ele pare... afinal, a gente se ama, né?"

Admito que tenho certeza de que esse tipo de dinâmica é mais complexo do que acabei de descrever. Então, eu adoraria ouvir suas reflexões, teorias e ideias sobre o assunto.

Devo dizer que não havia nenhum sinal. Você pode ter lido minha postagem no outro tópico sobre meu casamento abusivo.

Ele era um perfeito cavalheiro, alto, moreno e muito bonito. Tinha um emprego muito respeitável, vestia-se bem, etc. O que posso dizer? Foi um choque.

Mas quando os sinais aparecem, eu provavelmente corro uma milha.

Eu também ficaria interessado em ouvir os comentários.

azul

Comigo, eu sempre tentei consertar tudo que estava quebrado. Seja lá o que for, animais, utensílios domésticos, homens, etc., etc. Eu ainda sou assim, mas não com homens. rsrs!! Talvez você tenha razão com o aspecto maternal, doutor. Eu acho que com alguns homens, e mulheres também, eles têm problemas de autoestima e querem que você se sinta inútil e indigno de amor. Eu prefiro edificar as pessoas do que destruí-las. Se eu tivesse alguma ideia de que meu ex ou qualquer homem era abusivo, eu teria dito aos meus pés... não me decepcione agora e dado o fora daí.

Bem, vejo que possivelmente me casei com um desses caras que você descreveu. "Ele vai ser diferente comigo" foi um que pensei. "Sou especial, estamos apaixonados" foi outro. "Temos filhos, ele é meu marido, somos uma família" foram todas coisas que pensei e disse para me manter sentada nesta casa. Acho que ele é realmente um sociopata agora... e estou tentando descobrir como diabos sair. Eu queria mesmo que ele fosse embora, e então ele me fez sentir muito culpada. Agora, ele está na fase de "Estou sendo tão boa com o L, olha só, peguei minha camisa do chão e pendurei, você me viu?". Mas todos nós sabemos, quando isso se acalmar, como será. Estou tentando descobrir... descobrir tudo, eu acho. Mas estou me sentindo uma verdadeira idiota :(

Certo, vamos lá, vou me certificar de que minha tampa de Einstein esteja bem aparafusada. Primeiro, nós, humanos, por mais que queiramos acreditar que somos perfeitos, ótimos, etc., não somos! Perfeição está fora de cogitação. Infelizmente, nem todos nós temos consciência disso.
Somos todos moldados (formados, no momento em que saímos do corpo feminino) pelo nosso ambiente. Pai, mãe, tia, etc., e isso nos impulsiona a seguir em frente. Os anos passam, vamos à escola, lemos livros, temos professores e, por volta dos 18 anos, supostamente recebemos as ferramentas adequadas para começar uma vida que vá na direção certa. Tenho certeza de que qualquer pessoa que esteja lendo isso percebe que, se esse cenário acontece (digamos, 95% das vezes), e por que não deveria, por que as pessoas, como raça humana, estão tendo tantos problemas?
Olá, doutor, simplesmente não há espaço suficiente aqui, no LCB, para escrever sobre isso! Tenho quase certeza de que você sabe o quanto este tópico pode ser desmembrado. Serei o mais breve possível sobre a escolha, ou seleção, e deixarei que qualquer um que ler faça sua lição de casa. Alguns lembretes antes de começar. NORMAL é uma palavra que não se usa. Se alguém consegue pensar na vida como uma experiência de aprendizado diária (e não precisa aprender muito, só um pouco) e não acreditar que já atingiu o limite de saber tudo o que há para saber, continuaremos.
Como humanos, em nossos primeiros anos e adolescência, absorvemos e retemos certas coisas pelas quais passamos ou testemunhamos que de alguma forma afetaram nossa vida, seja ela positiva ou negativa. Isso permanecerá conosco por toda a vida, principalmente em nosso subconsciente. Preciso dizer isso antes de prosseguir: quando digo "nós", quero dizer aqueles 95% que mencionei antes, e esse número é certamente discutível. Se alguém que está lendo isso se sente fora desse número, NÃO SEJA!!!
MMM, preciso parar por aqui, preciso me desculpar. Algumas pessoas podem se ofender, e não vou fazer isso. Vou verificar este tópico nos próximos dias e continuar se for preciso.
Olha o que você começou, doutor, rsrs
Rico

Hmm... Nem sei bem do que você está falando, Rico. Que nem todos somos perfeitos é um dado adquirido, não acho que afirmemos ser. Mas existem pessoas muito doentes por aí, e quando combinadas com pessoas vulneráveis como eu — sem família de verdade, lutando contra o câncer com dois filhos pequenos, em um lugar que eu não chamaria de lar — essas coisas fariam uma pessoa normal — e sim, eu disse normal — querer AJUDAR seu ente querido, especialmente sua esposa ou marido, a se levantar e se sentir segura. Não esmagá-los, rebaixá-los e fazê-los se sentirem horríveis sobre sua própria existência. É uma questão de poder para algumas pessoas, não para todos, não para muitos na verdade, mas para algumas pessoas muito especiais, o poder é o que as move. Eu nem acho que eles ou ele sabiam que ele tinha isso nele, eu nem acho que ele gosta... mas saiu. É como um tubarão cheirando água... ele quase não conseguiu evitar tirar vantagem da situação para fazer o que quisesse e provavelmente não teria conseguido. Então, este post, o original, não acho que seja sobre pessoas "normais" e perdedores "comuns". Somos todos diferentes e ninguém é perfeito. Mas acho que duas pessoas imperfeitas podem dar certo em um relacionamento se o objetivo comum de curar, ajudar e amar for honrado. Não quero empurrar a pessoa para tão longe da realidade a ponto de ela se sentir em uma zona de penumbra ao acordar. E perdedores comuns, aqueles como o doutor descreveu... bem, todos nós nos envolvemos nisso. Pessoas são pessoas... eu enfrentaria 10 desses caras depois de lidar com esse.

Não são só as mulheres que se casam com perdedores, mas alguns homens também. Já vi homens realmente bons casados com as piores mulheres... Eu me pergunto: por que e como isso acontece? Homens que trabalham, limpam, cozinham, pagam todas as contas enquanto a esposa não faz nada além de reclamar, ser chata e gastar o dinheiro dele... As mulheres podem ser abusivas mental e fisicamente, trair, mentir e ser preguiçosas... Palavras podem machucar mais e são mais duradouras que o punho.

Eu tive um ou dois perdedores na minha vida... o problema que eu tinha era não ser independente o suficiente para sair e criar meu filho, NÃO me deram essa opção, eu era observada e controlada constantemente... quando as mulheres estão nessas situações, elas não contam a ninguém nem pedem ajuda (é por medo OU perda de confiança ou por pensar que ninguém se importaria, o que é algo que o agressor coloca na mente da abusada) assim que cheguei naquele momento em que estava segura e protegida... eu já tinha ido embora há muito tempo e NUNCA mais voltei (e ele sabia que eu voltaria).

Os sinais de um perdedor estão lá em algum lugar, em todos os casos... somos cegos para vê-los no começo... infelizmente, para alguns, eles ficam presos nessa armadilha e perdem completamente a cabeça...

Imagine, acredite em mim, NORMAL é uma palavra terrível. Por exemplo, o que é "normal" para você, não será "normal" para mim, mas cada um de nós (você e eu, neste caso) está passando pela vida com algum tipo de decência e sucesso. Esse é o ponto principal: à medida que vivemos, esperamos ter aprendido as ferramentas certas e, então, usá-las em nossas atividades diárias para aproveitar, ter sucesso e tomar as decisões certas, que dizem respeito a esse indivíduo. Um bom exemplo: eu gosto de um bife com batatas fritas e uma cerveja, enquanto Joe Schmoe gosta de fígado bovino seco, curry e uma dose de óleo de fígado de bacalhau. Quem sou eu para dizer que Joe Schmoe é um psicopata, uma pessoa muito produtiva em nossa sociedade, tem família, etc.
Você consegue ver (espero) como é possível tirar a palavra "normal" do dicionário. Eu já vi, pelo menos.
Talvez eu escreva mais um pouco mais tarde,
Rico

Ótima pergunta, doutor...ah, como eu adoro um bom debate!

Lendo todas as respostas, todas fazem sentido. E, como o Rico disse, poderíamos analisar esse tópico de forma desconstruída, explicando por que fazemos o que fazemos. Não acho que haja uma resposta clara. O que toleramos e o que não toleramos, acredito, depende de muitos fatores.

Eu sei que sempre tive a mentalidade de "banco de trás". Agora, tirem suas mentes da sarjeta, não desse tipo de banco de trás! Acho que o que estou tentando dizer é que, mesmo sabendo que fui injustiçado, vou deixar meus próprios sentimentos de lado, pois me preocupo demais com os outros, pois sei que eles se arrependem de suas ações. Se eu reagir às vezes, sinto como se estivesse "chutando um cavalo quando ele está caído". Agora, não estou de forma alguma me gabando ao dizer isso. De fato, não é uma abordagem saudável.

Acho que uma das coisas que precisam ser consideradas nessa equação é o quão perdoadora uma pessoa deve ser. Já perdoei muitas pessoas na minha vida, mas não tenho tanta certeza se deveria. A outras, fico feliz por ter feito isso porque começamos um novo começo.

Claro que não estou falando de relacionamentos fisicamente abusivos. Para mim, isso é imperdoável. Mas em relacionamentos com um amigo ou com alguém, qual é o limite quando ele te faz mal? Afastar-se de alguém com quem você se importa ou ama não é fácil para nenhum de nós. Mas estou aprendendo que você só pode dar um certo limite e não receber nada em troca por um tempo limitado.

Lábios

Logo de cara, aqui vão mais algumas coisas para você colocar: acreditar que nossos pais (ou nossos cuidadores adultos, em alguns casos quando éramos mais jovens) estavam zelando pelos nossos melhores interesses e tentando nos ensinar o que é certo e o que é errado, por que esses problemas continuam surgindo, não acreditar que nossos entes queridos adultos passaram por esses problemas.
Resposta: Nossos entes queridos adultos tiveram seus problemas. A maioria lidou com eles da melhor maneira possível. Eu, por exemplo, sou da geração baby boomer, e as coisas mudaram drasticamente desde a geração pré-Segunda Guerra Mundial. É claro que as coisas mudaram novamente na geração yuppie.
Ok, sabendo do que falamos brevemente, por que alguém se colocaria em um relacionamento destrutivo ou se apresentaria como alguém apenas para descobrir, depois de caminhar até o altar, que essa não é a pessoa com quem acreditava estar se comprometendo?
Resposta: Como jovens, deixamos escapar algo. Seja intencional ou não, seja por preguiça, talvez algo traumático tenha acontecido. Então, o que fazemos? APRENDEMOS COM NOSSAS EXPERIÊNCIAS, com o que passou por nós na juventude, e seguimos em frente.
Para alguns isso é difícil, outros podem continuar com novas energias.

Eu estava terminando o ensino médio no final dos anos 70. Quer falar sobre uma era de pura rebelião? Não é nada para se orgulhar? Eu, junto com muita pressão estúpida dos colegas, coloquei meus pais no inferno. Perdi eventos importantes e conselhos significativos. Estive envolvido em mais de um relacionamento lamentável e me sinto sortudo por estar vivo hoje. Resumindo, consegui me livrar daquele estilo de vida destrutivo com AJUDA e, todos os dias, tento aprender algo novo que se aplique a mim, para um estilo de vida saudável. Lembrando que não precisa ser uma montanha de aprendizado, só um pouco é suficiente, contanto que eu continue a crescer, tanto emocional quanto moralmente. Não gosto da coisa espiritual, mas sou eu. Fisicamente, não consigo crescer, cheguei ao meu limite há muito tempo.
Ah, doutor, eu estava tentando ajudar e contei tudo. Agora acredito que o senhor me deve uma. O quê? Não tenho certeza, rs.
Rico

PS: Qualquer pessoa em um relacionamento abusivo precisa de ajuda. Nem todo mundo quer recorrer à polícia, e tudo bem, existem outras opções. MAS VOCÊ PRECISA DE AJUDA!!

Doutor, você fez uma ótima pergunta.

Acho que também pode ser visto como "Sou uma pessoa tão má/perdedor que só consigo ficar com outro perdedor porque sou muito mau ou não mereço ser feliz".

Eu também vejo isso como o que descobri sobre o vício em jogos de azar: o jogador viciado se machuca para reforçar o pensamento de que ele "não presta" e, portanto, não consegue quebrar o ciclo do vício em jogos de azar.

É um ato intencional, mas eles negam, pois colocam a culpa em outra pessoa.

Quando uma mulher se interessa por um cara, e digamos, por exemplo, que ele é 99% babaca e 1% legal, ela se concentra no 1% e destaca essa parte. Com o tempo, ela começa a notar os traços negativos. Daí vem a tão ouvida pergunta: O que eu vi nele?

Se você provocar os emoticons de uma mulher, mesmo que de forma negativa, ela vai gostar. Os homens querem paz, as mulheres querem experimentar todos os ângulos da vida, emoções boas e ruins. Plenitude e mudança são o que eles representam.

Espero que isso faça sentido, inglês não é minha língua nativa : )

Geneco e Lips... eu realmente AMO suas respostas. Lips, você descreve muito bem as questões de "transferência".

rico, concordo com os lábios, você certamente está "em ordem" no nível psicológico!